Ministério autoriza testes de três dias para envio de energia da Venezuela a Roraima
14/01/2025
Testes iniciaram nessa segunda-feira (13) e devem encerrar às 9h37 de sexta-feira (17). O Operador detalha que após os testes a importação comercial deve iniciar. Linhão de Guri, na Venezuela
Emily Costa/G1 RR/Arquivo
O Ministério de Minas e Energia (MME) autorizou a realização de testes de três dias para avaliar o desempenho da importação de energia da Venezuela para Roraima. O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) confirmou a informação nesta terça-feira (14).
Os testes iniciaram nessa segunda-feira (13) e devem encerrar às 9h37 de sexta-feira (17). O Operador detalha que após os testes a importação comercial deve iniciar, "confiabilidade, segurança e redução de custos no atendimento ao estado de Roraima".
🔎 Contexto: Roraima é o único estado que não está conectado ao Sistema Interligado Nacional (SIN) e é atendido por usinas termelétricas. Venezuela enviava energia para Roraima desde 2001, mas em março de 2019 cortou o abastecimento após uma série de apagões no país vizinho. Com a importação, a energia das usinas termelétricas que hoje abastecem Roraima será substituída pela produção da usina hidrelétrica de Guri, na Venezuela.
A retomada foi viabilizada por um decreto assinado em agosto de 2023 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que autorizou o Brasil a importar energia de países vizinhos. Em dezembro do mesmo ano, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou o uso da Conta de Consumo de Combustíveis (CCC) para bancar a importação da energia.
O ONS estima que com a retomada, haverá uma economia de até R$ 500 mil por dia. Os testes em curso são de integração, de verificação das condições efetivas de desempenho dessa interconexão.
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A energia será importada pela empresa Âmbar, do grupo J&F, que será remunerada pela CCC — encargo usado para custear a geração de energia termelétrica em sistemas isolados e pago por todos os consumidores na conta de luz.
O gasto médio para manter as termelétricas locais é de cerca de R$ 107 milhões por mês, estimou o Ministério de Minas em 2020. Com a Venezuela, esse montante era de R$ 62 milhões, ou seja, a energia brasileira era 72% mais cara que a importada.
À época, a pasta estimou que o diesel para manter essas termelétricas, incluindo o frete, tenha atingido R$ 1,1 bilhão sem o linhão. O pagamento desse custo é dividido entre os consumidores de Roraima, que bancam 22%, e os outros 78% é custeado por consumidores do restante do país. A divisão está prevista na Lei nº 12.111/2009, que trata sobre os serviços de energia elétrica nos sistemas isolados.
Uma das estratégias para acabar com o isolamento elétrico de Roraima é o Linhão de Tucuruí. A obra com 715 km iniciou em 2022, quando os indígenas Waimiri Atroari aceitaram a proposta de compensação do governo federal, pois 122 km de torres passam pelo território indígena. A previsão de conclusão é para este ano.
Energia em Roraima
Em Roraima, 76% da energia é fornecida gerado por óleo diesel de 14 termelétricas, considerada cara e poluente ao meio ambiente e 24% via biocombustível.
O parque térmico do estado é formado pelas usinas termelétricas de Monte Cristo, na zona Rural de Boa Vista, Jardim Floresta e Distrito, ambas na zona Oeste, e Novo Paraíso, em Caracaraí, região Sul do estado.
Apesar disso, Roraima ainda passa por instabilidade no fornecimento de energia. O último apagão ocorreu em novembro do ano passado, quando Boa Vista e municípios ficaram sem energia por cerca de 1h30.
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